Em prol da reconstrução mamária na mesma cirurgia de retirada do câncer
terça-feira, 07 de agosto de 2012Release eleborado pela Via Comunicação
Em prol da reconstrução mamária na mesma cirurgia de retirada do câncer
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia em Minas Gerais, Dr. João Henrique Penna Reis, defende na Assembleia Legislativa que os dois procedimentos sejam realizados na mesma cirurgia — e pelo SUS
No dia 27 de junho a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou uma audiência pública para debater o tema “reconstrução mamária”. No evento, o Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Minas Gerais -, Dr. João Henrique Penna Reis, defendeu a importância de que esse tipo de reparação seja feita pelo SUS e de forma imediata — na mesma cirurgia de retirada do câncer. “Esta não é uma questão apenas estética: é terapêutica”, afirma o especialista. “Além disso, faz parte do tratamento devolver à mulher sua imagem corporal. Essa reparação imediata tem um impacto significativo do ponto de vista emocional e psicológico, imprescindíveis para a saúde da mulher”, completa.
Dr. João Henrique explica que são várias as vantagens de se fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo. “Sabemos que a mama tem uma grande importância na construção da feminilidade. Nesse sentido, o principal ganho é do ponto de vista psicológico. Com as cirurgias simultâneas, a mulher não passa pelo trauma de se sentir mutilada; ela sai da cirurgia com a sua estética corporal intacta”, detalha o especialista. “Outra questão importante é que, por razões técnicas, o cirurgião tem mais opções de reconstrução quando o procedimento é feito no mesmo momento da mastectomia (retirada da mama). Nesse momento há mais materiais e técnicas a serem usadas”, afirma. “Isto porque há uma questão importante no que diz respeito à pele da mulher. A radioterapia que é feita após a cirurgia de retirada diminui a quantidade e a qualidade da pele, dificultando a reconstrução mamária futura. Sendo feita ao mesmo tempo, a reconstrução conta com uma pele melhor e mais abundante, o que amplia as possibilidades de técnicas a serem usadas e a chance de sucesso do procedimento”, explica. “Não fosse isso, há ainda a razão do custo óbvio de se fazer duas cirurgias, em momentos distintos, em vez de apenas uma”, completa.
O Presidente da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Mastologia ainda explicou que outro problema relacionado à cirurgia de reconstrução mamária é que a maioria ocorre na capital. “No interior há menos oferta desse tipo de procedimento. Apesar da Lei Federal 9.797/1999, eu estimo que no Estado, como um todo, mais da metade – ou até mesmo a maioria – das mulheres que passam por um câncer de mama e têm de retirá-la não estão recebendo esse tratamento. Como a cirurgia não é feita simultaneamente, muitas que pensam em fazer desistem depois de um tempo. Há, portanto, não só a demanda de se unificar os procedimentos, mas também de levar a cirurgia para o interior”, conclui.
Após o evento, o Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Deputado Dinis Pinheiro, e o Presidente da Comissão de Saúde, Deputado Carlos Mosconi, agradeceram a importante contribuição oferecida pelo Presidente da SBM-MG ao debate. Também participaram do evento a ex-deputada federal Maria Elvira, autora da Lei Federal 9.797/1999, o diretor da Clínica Pró-Criar de Medicina Reprodutiva, Ricardo Mello Marinho, e o Superintendente de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde/Minas Gerais, Marcilio Dias Magalhães, representante do Secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques
Entenda o caso
A obrigatoriedade da realização da cirurgia plástica reparadora pelo SUS já é prevista pela Lei Federal 9.797, de 1999, mas a norma muitas vezes não é cumprida pela rede de saúde. Nesse sentido, tramita atualmente na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei (PL) 2.710/2011, de autoria do Deputado Doutor Wilson Batista (que foi o requerente da audiência pública), que busca incentivar que a reconstrução seja feita junto com a mastectomia (cirurgia de retirada da mama) em Minas Gerais pela rede conveniada ao SUS ao mesmo tempo da cirurgia de retirada da mama.
Por meio do PL o Deputado, que também é medico mastologista e cirurgião oncológico, propõe ainda a exigência de que o profissional de saúde acrescente no prontuário da paciente o motivo pelo qual ele não está indicando a reconstrução mamária imediata. Espera-se assim fomentar um maior índice de realização das cirurgias de forma simultânea. O projeto, que visa reduzir o impacto do tratamento de câncer nos pacientes, aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça.